quinta-feira, 27 de julho de 2017
Esse trecho da música "Apologia ao Jumento", de Luiz Gonzaga, mostra um pouco do significado do jumento para o povo nordestino. No entanto, o jumento, tão servidor e castigado pelo nosso povo, agora virou alvo do mercado estrangeiro, que explora sua carne e seu couro. É triste o fim do jumento no município de Amargosa. Agora, o pobre jumento não precisa trabalhar tanto para deixar o homem satisfeito.
Animal reverenciado por Luiz Gonzaga como "o maior desenvolvimentista do sertão", virou alvo de empresas asiáticas para abate. Considerado como sagrado no cristianismo, e homenageado pelo Rei do Baião, o jumento agora é abatido em quantidade na cidade marcada pelo tradição do São João. Ha, mas vai gerar renda e emprego para cidade? Vai sim. Mas até que ponto o homem chega para obter lucros? E se no lugar do jumentos fosse cachorros e gatos? Afinal o mercado chinês também consome carne canina. Isto é Brasil, país marcado pela exploração de suas riquezas, desta vez, como "gratidão" aos serviços prestados, entrega para sacrifício o Jumento, símbolo de nosso sertão, descrito de forma impecável por Luiz Gonzaga, em sua música:
"Animal sagrado… Serviu de transporte pro nosso senhor quando ele iria para o Egito, quando o nosso senhor era perritotinho… Todo jumento tem uma cruz nas costas, não tem? Pode olhar que tem… Todo jumento tem uma cruz nas costas, foi ali que o menino santo fez o pipizinho. Por isso ele é chamado de sagrado. A ha ha…jumento meu irmão, o maior amigo do sertão, ele é cheio de presepada sim senhor, uma vez ele me fez uma menino, que eu não me esqueci mais, quando dar as primeiras chuvas no sertão, agente planta logo um milhozinho no monturo da casa da gente, porque dar ligeiro e é milho doce, dar ligeirinho, ligeirinho, o jumento cismou de ser meu sócio, eu disse, eu pego ele…quando ele invadiu minha roça…he…eu preparei uma armadilha, cheguei perto dele comendo meu milho…vou lhe pegar, ele balançou a cabeça, ligou as antenas, torceu o rabo torceu, torceu, torceu deu corda e disparou… deu um pulo tão danado na cerca que nem triscou na minha armadilha, correu uns 10 metros, fez meia volta, olhou pra mim e me gozou…seu Luiz…seu Luiz, comi seu milho…e como e como e como e como. Filho da peste comeu mesmo…mas eu gosto dele…porque ele é servidorzinho que é danado, animal sagrado…jumento meu irmão eu reconheço teu valor…tu és um patriota, tu és um grande brasileiro…eu to aqui jumento, pra reconhecer o teu valor meu irmão… Agora meu patriota, em nome do meu sertão acompanha seu vigário nesta eterna gratidão, aceita nossa homenagem, o jumento é nosso irmão".
Da Redação.
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